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MORTALIDADE DE TUCUNARÉS X PESCA ESPORTIVA

Enviado: Ter Set 01, 2015 7:29 pm
por Carlos Vettorazzi
MORTALIDADE DE TUCUNARÉ X PESCA ESPORTIVA


Em trabalho relativamente recente, publicado no periódico científico ACTA AMAZONICA, pesquisadores estudaram a taxa de mortalidade de tucunarés associada à pesca esportiva (pesque e solte) no Rio Negro, Amazonas.
A seguir, apresento um resumo do trabalho:

A pesca esportiva de tucunarés Cichla spp., na Amazônia brasileira, aumentou em popularidade nos últimos anos e tem atraído pescadores esportivos que geram benefícios econômicos para essa região. Entretanto, a sustentabilidade dessa pescaria depende em parte da sobrevivência dos peixes capturados, por meio da prática do pesque e solte. O objetivo deste trabalho foi avaliar a mortalidade de Cichla spp., incluindo o tucunaré-paca/açú (C. temensis Humboldt), o borboleta (C. orinocensis Humboldt) e o popoca (C. monoculus Agassiz) em dois locais na bacia do rio Negro, o maior tributário do rio Amazonas. Os peixes foram capturados por variados tipos de iscas artificiais e posteriormente monitorados em viveiros construídos no próprio rio, por 72 horas. Um total de 162 tucunarés foi capturado e as mortalidades (em %) foram calculadas. A mortalidade foi de 3,5% para o paca; 2,3% para o borboleta; e 5,2% para o popoca. O comprimento padrão dos peixes capturados variou de 26cm a 79cm, mas apenas peixes menores de 42cm morreram. A pesquisa sugere que a pesca esportiva não causa substancial mortalidade na população de Cichla spp. Na bacia do rio Negro.

Apresento também algumas informações adicionais que retirei do trabalho:

Foram utilizadas na pesca iscas de superfície, meia-água e jigs.
Dos 56 pacas/açús capturados, 2 morreram, tendo sido ambos fisgados por jigs.
Dos 87 borboletas capturados, 2 morreram, tendo sido um fisgado com isca de meia-água e o outro com jig.
Dos 19 popocas capturados, 1 morreu, tendo sido fisgado com isca de meia-água.

Todas as mortes ocorreram por ferimentos na garganta ou na guelra.

As mortes ocorreram entre 5 e 15 minutos após a captura em quatro peixes. O quinto sobreviveu ainda por duas horas.

Quem quiser ter acesso ao trabalho completo, o link é: www.scielo.br/pdf/aa/v44n4/13.pdf

Abraços

Enviado: Qua Set 02, 2015 12:44 am
por NELSON MACIEL
Muito bom ... ...

Enviado: Qua Set 02, 2015 10:37 am
por Canali
Muito bom, mesmo !!!

Finalmente um estudo prático e lógico!!!

Abraços,

Ricardo

Enviado: Qua Set 02, 2015 2:16 pm
por Marcio Azzarini
Excelente!

Enviado: Qua Set 02, 2015 2:42 pm
por Alfredo Dias - Godô
Muito bom trabalho Carlos...

Enviado: Qua Set 02, 2015 3:12 pm
por Alcides Barbosa - Piska
Até que enfim um experimento concreto sobre algo tão polêmico! Muito bom!

Um abraço! 8)

Enviado: Qua Set 02, 2015 5:12 pm
por Eduardo Cuque
Legal o estudo.

Eu li um estudo parecido com este emitido lá em 2009/2010.

Me recordo que além da eventual morte por decorrência de ter danos na guelra e garganta, alguns tucunarés morreram por danos nos olhos.

Sendo então que danos aos olhos é um forte fator para prejudicar a recuperação do peixe.

Mas aos pescadores, mesmo que a garatéia tenha pego no olho, não significa sacrificar o peixe, eu mesmo peguei em Serra da Mesa um bitelo azul de 3,5kG que era caolho.

Em suma, soltar é garantia de vida para os peixinhos.

Enviado: Qui Set 03, 2015 8:42 am
por Law Huei
Ótimo estudo Carlos,


Obrigado por compartilhar..interessante como um tipo específico de isca pode causar maior mortandade ... ... menos numa primeira impressão.


abraços

Enviado: Qui Set 03, 2015 9:06 am
por Carlos Vettorazzi
Law Huei escreveu:Ótimo estudo Carlos,


Obrigado por compartilhar..interessante como um tipo específico de isca pode causar maior mortandade ... ... menos numa primeira impressão.


abraços

Caro Law

Realmente é preciso tomar algum cuidado ao interpretar esses resultados.
Num primeiro momento a impressão que se tem é que o jig é o grande "vilão da história", mas na verdade ele foi responsável por 59% das capturas (contra apenas 8% das iscas de superfície), ou seja, a grande maioria dos peixes fisgados por jig também sobreviveram.

Abs

Concluindo...

Enviado: Ter Set 15, 2015 7:57 am
por Sóstenes Pereira
Graça e paz.

Bom dia.
Devo concluir então que no caso de ferimentos na guelra ou na garganta não adianta soltar o peixe, ele vai morrer?

Enviado: Ter Set 15, 2015 9:07 am
por Canali
Bom dia Sostenes,

Necessariamente o peixe não vai morrer, a conclusão é que vale a pena soltar o peixe em qualquer situação...
Se for para escolher um peixe para consumo, se deve optar por algum que tenha sido ferido seriamente na região das guelras.

(Não se deve justificar o abate indiscriminado por qualquer sangramento, mesmo com pequenas/medias avarias os peixes tem boas possibilidades de se recuperar. Caso morra, ficando no local, ainda serve como biomassa para o ambiente que habita)

Abraços,

Ricardo

Enviado: Ter Set 15, 2015 10:17 am
por Carlos Vettorazzi
Canali escreveu:Bom dia Sostenes,

Necessariamente o peixe não vai morrer, a conclusão é que vale a pena soltar o peixe em qualquer situação...
Se for para escolher um peixe para consumo, se deve optar por algum que tenha sido ferido seriamente na região das guelras.

(Não se deve justificar o abate indiscriminado por qualquer sangramento, mesmo com pequenas/medias avarias os peixes tem boas possibilidades de se recuperar. Caso morra, ficando no local, ainda serve como biomassa para o ambiente que habita)

Abraços,

Ricardo

Bela resposta Canali.

Abs

Enviado: Ter Set 15, 2015 12:26 pm
por Marco R. Lima
Sensacional Carlão!!

Obrigado por compartilhar!!!


Abrax.

Enviado: Ter Set 15, 2015 12:26 pm
por Marco R. Lima
Canali escreveu:Bom dia Sostenes,

Necessariamente o peixe não vai morrer, a conclusão é que vale a pena soltar o peixe em qualquer situação...
Se for para escolher um peixe para consumo, se deve optar por algum que tenha sido ferido seriamente na região das guelras.

(Não se deve justificar o abate indiscriminado por qualquer sangramento, mesmo com pequenas/medias avarias os peixes tem boas possibilidades de se recuperar. Caso morra, ficando no local, ainda serve como biomassa para o ambiente que habita)

Abraços,

Ricardo
Exatamente!