Pescaria Fantástica no Rio Juruena
- Cesar Reis
- CALOURO
- Mensagens: 11
- Registrado em: Dom Jun 22, 2008 11:06 am
- Cidade:
Pescaria Fantástica no Rio Juruena
Caros colegas pescadores,
Em maio do ano passado realizei pescaria no Rio Juruena, na altura da cidade com mesmo nome, uns 30km abaixo do entroncamento com o Rio Arinos e, por falta de tempo, não consegui postar aqui no grupo. Mas finalmente consegui escrever este breve relato para compartilhar com vocês esta experiência fantástica.
Queria destacar que nosso grupo de pesca, formado por 12 pessoas, pesca pelo menos uma vez por ano juntos e sempre buscamos destinos diferentes. Ano passado buscamos algo no ainda pouco explorado Rio Juruena. Confesso que a estrutura de pesca é bem restrita, mas encontramos uma pousada com estrutura muito funcional na ilha conhecida como Caju. Para quem quiser conhecer mais, segue o site com várias fotos do local e de pescarias: http://www.pousadailhadocaju.com.br. O contato é através do e-mail pousadailhadocaju@gmail.com com o Gustavo.
A VIAGEM
Saindo de BH andamos ao redor de 2.600km até o porto na cidade de Juruena. Tivemos apoio local para conseguir os barcos e levamos os motores de popa (4 ao todo). Parte das provisões já haviam sido levadas ao rancho anteriormente, assim como a gasolina.
A descida do Juruena num trecho de aproximadamente 30km mostra a opulência do rio de aguas cristalinas e repleto de corredeiras, pedreiras, igarapés e entradas de lagoas. Promessa de 9 dias de pescaria inesquecíveis.
Ao chegar ao rancho ficamos surpreendidos com a beleza da ilha e a praticidade do rancho que, apesar de bem simples oferece tudo que se espera: energia elétrica (através de placas fotovoltaicas), TV, 6 quartos amplos com camas confortáveis e com mosquiteiro, 2 banheiros, antena de celular, etc. O rancho cheirava a novo ainda, já que tinha sido construído há poucos meses.
A ilha está num ponto estratégico, perto de um enorme "poção" e varias entradas de lago e corredeiras. Saindo dele é possível fazer a pescaria num raio de poucos km sem gastar muito combustível e tempo.
A exuberância da mata ciliar é incrível e mostra o quão preservado é esta parte do rio (espero que por muitos e muitos anos). Tivemos a oportunidade de ver vários animais silvestres como sucuris, onças, capivaras, antas, macacos, pacas, etc, mas o espetáculo maior ficou por conta das araras que povoam a ilha para comer os coquinhos e açaís.
É importante destacar que nós mesmos pilotamos os barcos e conduzimos toda a parte "operacional", dando mais liberdade para os pescadores.
A PESCARIA
À noite alguns "fominhas" saíram para pescar e voltaram com trairões e belas corvinas, mostrando em poucas horas o grande potencial do lugar.
Saímos em grupo já de manhãzinha, com a companhia de um guia local, quem nos ensinou sobre as técnicas, iscas, e os pontos de pesca mais adequados para cada espécie.
Nas manhãs, logo às 06h00 eu e meu pai, como adeptos do "bait casting", íamos atrás dos tucunarés de corredeira. Para nossa surpresa pegamos também várias bicudas de enorme porte (>3,5kg), além de matrinchãs. Todas em plugs de barbela media e longa de 10cm a 15cm de transparentes ou de cor clara. Na superfície não tivemos muito êxito. O equipamento usado foi vara de 15lb a 17lb e 6,6pés, carretilhas de perfil baixo munidas de linha multifilamento de 30lb e líder de 50lb.
No meio da manhã íamos ao "poção" atrás de jaús, cacharas e as famosas cachorras amazônicas. O tal "poção" é realmente imponente e se localiza num afunilamento 'do rio. Levamos o sonar e constatamos que a profundidade cai de 3m a incríveis 30m em um trecho muito pequeno do rio. A turbulência gerada pela corredeira é impressionante e, certamente, o fundo do rio se revolve com a mesma intensidade, gerando o ambiente perfeito para estes grandes predadores.
Abundam as cachorras largas neste ponto de pesca com mais de 12kg. É impressionante a frequência com que são pegas, usando files de peixe (piau, curimba, pacus CD, etc) e tuviras. O segredo é posicionar o barco no centro da corredeira e desce-la na rodada ajustando a profundidade do equipamento para manter o anzol no fundo com muita agilidade para evitar os enroscos. Equipamento usado para esta pescaria é vara de 100lb de 7pés e molinete ou carretilha com linha mono de 100lb, assim como anzóis encastoados 8/0 a 10/0 com chumbadas de 80g a 100g.
Eu saquei um jumping jig simétrico de 100g de cor rosa que uso em pescarias no litoral paulista e um support hook de metal, troquei de vara e joguei no fundo para ver no que dava. Os companheiros começaram a rir da invenção, no entanto, a gozação durou menos de 3 minutos, quando a primeira cachorra "jigada" foi fiscada. Dai em diante foi uma atrás da outra em vários dias de pesca neste estilo, até acabarem os jigs da caixa: as cachorras no frenesi alimentar acabavam cortando a linha (mesmo com empate) e outras vezes agarrando nos enroscos. Mas valeu a pena a emoção de pegar cachorras no jumping jig.
À tarde, após o almoço no rancho (devido a excelente posição podemos ter este privilegio) íamos atrás de piaus e branquinhas para usar de isca para os trairões, cacharas, jurupecens e corvinas que pescávamos em bocas de igarapés e lagoas, além de praias. Para esta pescaria usávamos varas de 40lb a 60lb com linha multifilamento de 50lb e líder de 60lb, com anzóis encastoados 7/0 com chumbadas de 50g.
Conseguimos entrar em algumas lagoas, onde conseguimos pegar bons tucunarés entre 2kg e 5kg, mas sempre com plugs de meia água.
O GRAN FINALE
Assim passamos os nove dias de pescaria. No ultimo dia programamos pescaria somente para a parte da manhã e, por conta disto, não caprichamos tanto nas iscas.
Fomos ao "poção" atrás das cachorras. As tuviras já haviam acabado e na ultima rodada, aproximadamente às 11h00 olhei no viveiro e havia um único mandi chorão de 1 palmo, que havia pescado no dia anterior. Isquei-o com pouca esperança e soltei a linha no começo da corredeira. O traçado do barco foi equivocado, em função da corredeira, e o barco foi mais para o raso, passando por um areal com uns 7m de profundidade. Com preguiça de corrigir o rumo, já que seria a ultima rodada, deixamos correr assim mesmo. Fui controlando a profundidade e após uns 2 minutos senti um forte tranco na linha. À principio achei que fosse um enrosco, mas depois senti a linha correr para o leito do rio. Então não tive dúvidas: era um jaú dos grandes.
Estava com uma carretilha de grande porte com 150m de linha 100lb e o peixe deve ter levado a metade do carretel no primeiro estirão. Como o barco estava à deriva, e o equipamento era adequado, fiquei tranquilo e torci para que o bicho estivesse bem fisgado. Após uns 30 minutos de briga, para nossa surpresa, vimos o perfil inquestionável de uma paraíba. Ao nos ver ela ganhou novo ímpeto e levou linha novamente, mas depois de alguns minutos voltou à tona e a embarquei com a ajuda de meu pai.
Depois de muitas fotos, filmagens e muitos beijos e abraços no "filhotão" que peava uns 40kg, ainda com as pernas bambas e os braços cansados, a devolvemos ao belo juruena (assim como os demais peixes) para que dê a mesma alegria a outros pescadores. A bela paraíba se despediu espirrando água por todo o barco, com sua enorme nadadeira caudal.
Depois desta experiência, voltamos ao rancho e preparamos a tralha para a subida do rio e o embarque da carga nos veículos para voltarmos a BH.
Levo na memoria estes 9 dias inesquecíveis e a certeza de que voltarei novamente a este paraíso: Ilha do Cajú, Rio Juruena.
Abraço,
César Reis
Em maio do ano passado realizei pescaria no Rio Juruena, na altura da cidade com mesmo nome, uns 30km abaixo do entroncamento com o Rio Arinos e, por falta de tempo, não consegui postar aqui no grupo. Mas finalmente consegui escrever este breve relato para compartilhar com vocês esta experiência fantástica.
Queria destacar que nosso grupo de pesca, formado por 12 pessoas, pesca pelo menos uma vez por ano juntos e sempre buscamos destinos diferentes. Ano passado buscamos algo no ainda pouco explorado Rio Juruena. Confesso que a estrutura de pesca é bem restrita, mas encontramos uma pousada com estrutura muito funcional na ilha conhecida como Caju. Para quem quiser conhecer mais, segue o site com várias fotos do local e de pescarias: http://www.pousadailhadocaju.com.br. O contato é através do e-mail pousadailhadocaju@gmail.com com o Gustavo.
A VIAGEM
Saindo de BH andamos ao redor de 2.600km até o porto na cidade de Juruena. Tivemos apoio local para conseguir os barcos e levamos os motores de popa (4 ao todo). Parte das provisões já haviam sido levadas ao rancho anteriormente, assim como a gasolina.
A descida do Juruena num trecho de aproximadamente 30km mostra a opulência do rio de aguas cristalinas e repleto de corredeiras, pedreiras, igarapés e entradas de lagoas. Promessa de 9 dias de pescaria inesquecíveis.
Ao chegar ao rancho ficamos surpreendidos com a beleza da ilha e a praticidade do rancho que, apesar de bem simples oferece tudo que se espera: energia elétrica (através de placas fotovoltaicas), TV, 6 quartos amplos com camas confortáveis e com mosquiteiro, 2 banheiros, antena de celular, etc. O rancho cheirava a novo ainda, já que tinha sido construído há poucos meses.
A ilha está num ponto estratégico, perto de um enorme "poção" e varias entradas de lago e corredeiras. Saindo dele é possível fazer a pescaria num raio de poucos km sem gastar muito combustível e tempo.
A exuberância da mata ciliar é incrível e mostra o quão preservado é esta parte do rio (espero que por muitos e muitos anos). Tivemos a oportunidade de ver vários animais silvestres como sucuris, onças, capivaras, antas, macacos, pacas, etc, mas o espetáculo maior ficou por conta das araras que povoam a ilha para comer os coquinhos e açaís.
É importante destacar que nós mesmos pilotamos os barcos e conduzimos toda a parte "operacional", dando mais liberdade para os pescadores.
A PESCARIA
À noite alguns "fominhas" saíram para pescar e voltaram com trairões e belas corvinas, mostrando em poucas horas o grande potencial do lugar.
Saímos em grupo já de manhãzinha, com a companhia de um guia local, quem nos ensinou sobre as técnicas, iscas, e os pontos de pesca mais adequados para cada espécie.
Nas manhãs, logo às 06h00 eu e meu pai, como adeptos do "bait casting", íamos atrás dos tucunarés de corredeira. Para nossa surpresa pegamos também várias bicudas de enorme porte (>3,5kg), além de matrinchãs. Todas em plugs de barbela media e longa de 10cm a 15cm de transparentes ou de cor clara. Na superfície não tivemos muito êxito. O equipamento usado foi vara de 15lb a 17lb e 6,6pés, carretilhas de perfil baixo munidas de linha multifilamento de 30lb e líder de 50lb.
No meio da manhã íamos ao "poção" atrás de jaús, cacharas e as famosas cachorras amazônicas. O tal "poção" é realmente imponente e se localiza num afunilamento 'do rio. Levamos o sonar e constatamos que a profundidade cai de 3m a incríveis 30m em um trecho muito pequeno do rio. A turbulência gerada pela corredeira é impressionante e, certamente, o fundo do rio se revolve com a mesma intensidade, gerando o ambiente perfeito para estes grandes predadores.
Abundam as cachorras largas neste ponto de pesca com mais de 12kg. É impressionante a frequência com que são pegas, usando files de peixe (piau, curimba, pacus CD, etc) e tuviras. O segredo é posicionar o barco no centro da corredeira e desce-la na rodada ajustando a profundidade do equipamento para manter o anzol no fundo com muita agilidade para evitar os enroscos. Equipamento usado para esta pescaria é vara de 100lb de 7pés e molinete ou carretilha com linha mono de 100lb, assim como anzóis encastoados 8/0 a 10/0 com chumbadas de 80g a 100g.
Eu saquei um jumping jig simétrico de 100g de cor rosa que uso em pescarias no litoral paulista e um support hook de metal, troquei de vara e joguei no fundo para ver no que dava. Os companheiros começaram a rir da invenção, no entanto, a gozação durou menos de 3 minutos, quando a primeira cachorra "jigada" foi fiscada. Dai em diante foi uma atrás da outra em vários dias de pesca neste estilo, até acabarem os jigs da caixa: as cachorras no frenesi alimentar acabavam cortando a linha (mesmo com empate) e outras vezes agarrando nos enroscos. Mas valeu a pena a emoção de pegar cachorras no jumping jig.
À tarde, após o almoço no rancho (devido a excelente posição podemos ter este privilegio) íamos atrás de piaus e branquinhas para usar de isca para os trairões, cacharas, jurupecens e corvinas que pescávamos em bocas de igarapés e lagoas, além de praias. Para esta pescaria usávamos varas de 40lb a 60lb com linha multifilamento de 50lb e líder de 60lb, com anzóis encastoados 7/0 com chumbadas de 50g.
Conseguimos entrar em algumas lagoas, onde conseguimos pegar bons tucunarés entre 2kg e 5kg, mas sempre com plugs de meia água.
O GRAN FINALE
Assim passamos os nove dias de pescaria. No ultimo dia programamos pescaria somente para a parte da manhã e, por conta disto, não caprichamos tanto nas iscas.
Fomos ao "poção" atrás das cachorras. As tuviras já haviam acabado e na ultima rodada, aproximadamente às 11h00 olhei no viveiro e havia um único mandi chorão de 1 palmo, que havia pescado no dia anterior. Isquei-o com pouca esperança e soltei a linha no começo da corredeira. O traçado do barco foi equivocado, em função da corredeira, e o barco foi mais para o raso, passando por um areal com uns 7m de profundidade. Com preguiça de corrigir o rumo, já que seria a ultima rodada, deixamos correr assim mesmo. Fui controlando a profundidade e após uns 2 minutos senti um forte tranco na linha. À principio achei que fosse um enrosco, mas depois senti a linha correr para o leito do rio. Então não tive dúvidas: era um jaú dos grandes.
Estava com uma carretilha de grande porte com 150m de linha 100lb e o peixe deve ter levado a metade do carretel no primeiro estirão. Como o barco estava à deriva, e o equipamento era adequado, fiquei tranquilo e torci para que o bicho estivesse bem fisgado. Após uns 30 minutos de briga, para nossa surpresa, vimos o perfil inquestionável de uma paraíba. Ao nos ver ela ganhou novo ímpeto e levou linha novamente, mas depois de alguns minutos voltou à tona e a embarquei com a ajuda de meu pai.
Depois de muitas fotos, filmagens e muitos beijos e abraços no "filhotão" que peava uns 40kg, ainda com as pernas bambas e os braços cansados, a devolvemos ao belo juruena (assim como os demais peixes) para que dê a mesma alegria a outros pescadores. A bela paraíba se despediu espirrando água por todo o barco, com sua enorme nadadeira caudal.
Depois desta experiência, voltamos ao rancho e preparamos a tralha para a subida do rio e o embarque da carga nos veículos para voltarmos a BH.
Levo na memoria estes 9 dias inesquecíveis e a certeza de que voltarei novamente a este paraíso: Ilha do Cajú, Rio Juruena.
Abraço,
César Reis
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César
Se você tiver fotos da pescaria e tiver dificuldade para colocá-las aqui, manda para meu e-mail que eu posto para você ...
Um relato de uma pescaria destas não pode ficar sem fotos ...
nelsonmaciel@caterva.com.br
Forte abraço
Se você tiver fotos da pescaria e tiver dificuldade para colocá-las aqui, manda para meu e-mail que eu posto para você ...
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Re: Pescaria Fantástica no Rio Juruena
Cesar, parabens pelo relato, voce tem o dom de escrever prendendo a atenção do leitor! lembrei dos relatos de pesca do livro "Caçando e pescando por todo o Brasil". Parabens pela pescaria que foi certamente uma aventura às antigas!
Deus não desconta da vida do homem o tempo que ele passa pescando.