Todo domingo, depois das 15 horas, pode ter certeza, o próximo carro abarrotado de tralha é mais um tilapeiro, que chega ao Recanto do Sabiá, lá na Represa do Capivari.
Alguns fazem parte da minha “curriola” de viciados, outros, também viciados, da curriola de tilapeiros.
O “papo” fica para mais tarde, o negócio é ocupar um dos pesqueiros disponíveis o mais rápido possível, então, carregar “morro abaixo” parte das tralhas: Guarda-sol, lona p/montar a barraca de pesca, cortadeira para cavar ou aplainar o barranco.
Não importa o local, pois, antes de qualquer coisa, usa-se um gancho para tirar os eventuais entulhos e enroscos de nossas linhas.
A pressa não é só para garantir o lugar e sim, preparar tudo rapidinho “antes que chova” e o pesqueiro vire “um barro só”.
Até que depois de quase uma hora, suando por todos os poros, tudo nos “conformes”, então, buscar o resto das coisas, levar ao pesqueiro pronto, daí cevar e saber que mais tarde, se a N.Sra. da Tilápia permitir, vamos nos dar bem.
Só então, garantido o lugar, o “papo” corre solto, aí as gentilezas começam: água geladinha, outros, uma latinha de cerveja no ponto, quem não bebe aquele copo suado de um refrigerante ou um suco, outros com o café fresquinho, devidamente acompanhado daquele lanche esperto.
Bem, antes que a noite chegue, cada um monta sua barraca para dormir, ou ajeita o colchão no porta mala do carro, pois a noite vai ser longa, como longo os dias e noites da pescaria, então, deixar tudo preparado para o merecido descanso, enquanto durar a empreitada.
A noite chegou, cada um no seu pesqueiro, silêncio absoluto, cada um cuidando de suas pegadeiras e de olho no companheiro, sempre tem um “sortudo” que inaugura o placar e para variar, deixando os demais com inveja declara:
“Peguei uma cavala”! Mentira, não era uma tilápia tão grande assim, mais o “farol” é necessário.
Ninguém fica por baixo quando fisga a sua, não mentimos, apenas aumentamos um pouco.
Dali a pouco, sobe um, depois outro e a conversa é:
“ a coisa ta russa, só aquela “umazinha”, estão roubando o “milho”, acho que são os lambaris”?
Depois sobe mais um e diz:
“cara, você nem imagina o tamanho do “cascudo” que ferrei, eles invadiram meu pesqueiro e as tilapias sumiram”.
Dali a pouco, toda curriola está junta, cada um contando a “sua desgraça ou vitória” e aproveitar para “encher a pança”, pois a noite ainda será longa.
Logo mais, cada um volta ao seu pesqueiro, para sorte o azar da primeira noite da pescaria, coisa que será comentada na manhã seguinte.
Novo dia clareando, alguns levantando, depois de sentir o “cheirinho do café fresquinho”, pois nestas alturas do campeonato, todos esperam que algum “trouxa” o prepare, neste caso, eu sou o escolhido.
A garrafa térmica acaba logo, quem tomou, tomou, quem não tomou, não toma mais, pois dali a pouco estaremos de volta nos pesqueiros, agora é tentar as “bocudas” no capim.
A manhã corre solta, alguns se dão bem, outros... bem não importa, o novo dia de pescaria só está começando.
Lá pelos raiar das 11,00 horas, escutamos o barulho das panelas é o Emerson preparando o almoço da “cambada”.
Para cooperar com as tarefas, alguns de nós subimos e ajudamos de alguma forma, colocando os fogareiros pra funcionar.
Um se encarregada de temperar a carne, outro a salada, outro, os pratos e talheres, na verdade, podemos ter ido mal na pescaria, mais na comida, haverá fartura:
Feijão devidamente preparado com bacon, costelinha de porco, lingüiça calabreza, corinho de porco:
Arroz cozido com batatinha ou charque;
Macarronada, com molho de carne moída;
Salada de pepino, tomate, cebola, etc.
Refrigerante, suco, cervejinha.
Enquanto almoçamos, comentários da pescaria não faltam.
Cada um que termina de almoçar, lava seu prato, talheres e copo utilizado e ajudam a lavar as panelas.
Tudo nos “conformes” uns vão tirar uma soneca, outros caminhar, pois até o entardecer, o sol ou calor não permitirão pescar.
A noite chega e se repetem as coisas, exceto, que alguém trouxe carne para o churrasco, então, este será o assador da vez.
Esta é a rotina dos “viciados” nos três dias e noite que estamos por lá, até que 4ª. Feira, cada um desmancha seu pesqueiro, lota o carro com as tralhas e já está combinado:
Domingo que vem, lá pelas 15 horas o compromissos está assumido.
Peixe que é bom, bem aí????
E tem gente que não gosta desta vida!
VIDA DIFICIL DE TILAPEIRO
- Marcos A Cavalcanti
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PESCADOR NÃO MENTE- AUMENTA UM POUCO
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Resposta ao Fernando Braga: Nossa turma completa é em torno de uns 15 companheiros, mais nem todos aparecem todas as semanas, na verdade os verdadeiros viciados, somos uns 8 é tradição. Mais tem um montão de "malucos" nossos conhecidos, alguns chegam a ficar mais de 10 dias no local. Tem um, que tira férias do trabalho, aluga uma casa do local e fica com sua esposa 30 dias consecutivos. Se isto é maluquice, digamos que o cara é "doidão", certo?
Resposta ao Luiz Tedesco: com certeza, há uma rampa meia boca, mais que dá para colocar o caiaque na água. Só um aviso: não invente de remar para dentro da entrada do pesqueiro, se não quiser ser xingado, pois o local de pesca pertence de um lado ao Recanto do Sabiá e do outro lado a Pousada Capivari, que prá variar, esta cheia de tilapeiros todos os dias. Mais tem muito espaço para você se divertir sainda destes locais. Fico no aguardo.
Abraços.
Resposta ao Luiz Tedesco: com certeza, há uma rampa meia boca, mais que dá para colocar o caiaque na água. Só um aviso: não invente de remar para dentro da entrada do pesqueiro, se não quiser ser xingado, pois o local de pesca pertence de um lado ao Recanto do Sabiá e do outro lado a Pousada Capivari, que prá variar, esta cheia de tilapeiros todos os dias. Mais tem muito espaço para você se divertir sainda destes locais. Fico no aguardo.
Abraços.
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