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SAICANGA - III - reprodução e alimentação

Enviado: Qui Ago 03, 2006 11:17 pm
por Rubens Gorben
a seguir, o resumo do resumo, de diversas obras resumidas que colecionei com o passar dos anos (hahahahahahahahahaha) brincadeirinha.

A base deste documento foi um estudo feito antes da construção Usina Hidroelétrica de Machadinho e a Usina Hidroelétrica de Itá, e sobre o efeito desta obra na ictiofauna da bacia do Alto Uruguai, que compreende grande extenção do RS e do Oeste ao Centro de SC.

No fim me pergunto: Não será a nossa saicanga a Oligosarcus jenynsii ?

abraços e boa leitura.


Biologia alimentar e reprodutiva da Saicanga.

Imagem

Introdução

Acestrorhynchus é uma espécie pertencente à família Characidae (Osteichthyes) , conhecida popularmente como saicanga, dentudo ou peixe-cachorro e compreendem aproximadamente 30 sub-famílias. Peixes de forma muito variada; quase sempre comprimidos ou lateralmente achatados. Dulcícolas, de hábitos alimentares diversificados (herbívoros, omnívoros e carnívoros), que os permite explorar uma grande variedade de habitats. Encontrada em arroios, rios e lagoas da região Sul do Brasil (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Uruguai e Argentina (Menezes, 1987).
Embora não seja uma espécie de grande interesse comercial, a sua abundância em algumas regiões faz com que seja bastante utilizada pelas comunidades ribeirinhas como complemento alimentar.

Levando-se em consideração a pequena quantidade de estudos sobre a biologia desta espécie na região sul do Brasil, este trabalho tem por objetivos determinar o hábito alimentar, com suas possíveis variações sazonais, e estudar seu ciclo reprodutivo.


CLASSE OSTEICHTHYES
Sub-classe: ACTINOPTERYGII
Ordem: CHARACIFORMES
Sub-ordem: CHARACOIDEI
Família: CHARACIDAE

Resultados

Para este estudo, foram analisados 246 exemplares dos quais 127 eram fêmeas, 78 eram machos e 41 não puderam ser identificados. A biomassa total capturada foi de 20.898,6g, sendo que o peso dos peixes variou de 0,3 a 330g e o comprimento de 35 a 310mm.

Dos 246 exemplares capturados, 239 foram analisados quanto ao conteúdo estomacal, e dentre esses, 46% se encontravam vazios. No que se refere à composição da dieta alimentar, o peixe-cachorro apresentou-se como carnívoro com tendência à piscivoria. A análise do conteúdo estomacal mostrou que o principal item na dieta alimentar da espécie, segundo os três métodos analisados (gravimétrico, freqüência de ocorrência e freqüência numérica), foi o item “peixe”. O segundo item de maior importância na dieta, também de acordo com os três métodos analisados, foi o item “inseto”.

Outono foi a estação do ano na qual os exemplares capturados apresentaram alimentação mais intensa (1,9%±1,4%). Nas demais estações do ano, os índices de alimentação médios se mostraram bastante semelhantes, variando entre 1,4% e 1,3% do peso corporal.

A proporção sexual para o período total de coleta foi de 1,6 fêmeas: 1 macho.

Quanto à dinâmica reprodutiva, o peixe-cachorro apresentou desova parcelada, pode-se sugerir que as desovas de concentram-se nas estações de inverno e primavera.

O comprimento da primeira desova observado foi de aproximadamente 164mm tanto para machos quanto para fêmeas.
Em algumas localidades foram verificados tamanhos de primeira desova diferentes para machos e fêmeas, com valores de 117mm e 136mm respectivamente.

A fecundidade absoluta média encontrada foi de 20.727 ovócitos, sendo que os valores mínimo e máximo observados foram de 3.000 e 59.760 ovócitos, respectivamente.

Fecundidade relativa média foi de aproximadamente 182 ovócitos/g de peixe.

Discussão

As fêmeas apresentarem taxa de crescimento maior que os machos e, como conseqüência, atingiram comprimentos superiores para a mesma idade.

Apesar de se esperar encontrar a proporção sexual de 1:1 nas populações de peixes, em Characidae normalmente é observada maior proporção de fêmeas.

A espécie apresenta hábito alimentar carnívoro com tendência à piscivoria, sendo que a maior atividade alimentar foi observada na estação do outono, período que antecede o pico de atividade reprodutiva da espécie.

No trabalho realizado por Hartz et al. (1996), a espécie apresentou maior atividade alimentar nos meses de novembro e dezembro (correspondente à primavera e início do verão) e de maio e junho (correspondente ao outono).

Os animais tenderiam a se alimentar mais antes e depois do período reprodutivo.

A espécie apresenta longo período reprodutivo, pois diversas fêmeas desovam em períodos diferentes. Apesar disso, desova dois lotes de ovócitos, sendo que o primeiro é o maior.

por hora é só.

abraços

título original: Biologia alimentar e reprodutiva do peixe-cachorro (Oligosarcus jenynsii Günther, 1864) na região do alto rio Uruguai - Brasil
Samara Hermes-Silva*, Samira Meurer e Evoy Zaniboni Filho Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixe de Água Doce, Universidade Federal de Santa Catarina. Rodovia SC 406, nº 3532, Lagoa do Peri, 88066-292, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Autor para correspondência: hermes_silva@hotmail.com


Referências
FIALHO, C. B. et al. Biologia reprodutiva de Oligosarcus
jenynsii (Günther, 1864) da Lagoa das Custódias,
Tramandaí, RS, Brasil (Characiformas, Characidae). In:
VIII SEMINÁRIO REGIONAL DE ECOLOGIA, 1996.
Resumos... São Carlos: PPG-ERN/ UFSCar, 1996. p. 201.
HAHN, N. S.; DELARIVA, R. L. Métodos para avaliação
da alimentação natural de peixes: o que estamos usando?
Interciência, Caracas, v. 28, n. 2, p. 100-104, 2003.
HAHN, N. S. et al. Ecologia trófica. In: VAZZOLER, A.
E. A. de M. et al. 1997. A planície de inundação do Alto Rio
Paraná: aspectos físicos, biológicos e sócio-econônimicos.
Maringá: Eduem, 1997. cap. 5, p. 209-228.
HARTZ, S. M. et al. Dinâmica da alimentação e dieta de
Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) na Lagoa Caconde, Rio
Grande do Sul, Brasil (Teleostei, Characidae). Boletim do
Instituto de Pesca, São Paulo, v. 23, n. único, p. 21-29, 1996.
HARTZ, S. M. et al. Reproduction dynamics of Oligosarcus
jenysnii (Günther, 1864) in Lake Caconde, Rio Grande do
Sul, Brazil (Characiformes, Curimatidae). Rev. Bras. Biol,
Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 295-303, 1997.
HYSLOP, E. J. Stomach contents analysis – a review of
methods and their application. J. Fish Biol., London, v. 17,
p. 411-429, 1980.
MENEZES, N. A. The food of Brycon and three closely
related genera of the tribe Acestrorhynchini. Pap. Avulsos
Zool., São Paulo, v. 22, p. 217-223, 1969.
MENEZES, N. A. Três espécies novas de Oligosarcus
Günther, 1864 e redefinição taxonômica das demais
espécies do gênero (Osteichthyes, Teleostei, Characidae).
Bol. Zool., São Paulo, v. 11, p. 1-39, 1987.
VAZZOLER, A. E. A. de M. Biologia da reprodução de peixes
teleósteos: teoria e prática. Maringá: Eduem, 1996.
SUZUKI, H. I.; AGOSTINHO, A. A. Reprodução de
peixes do Reservatório de Segredo. In: AGOSTINHO, A.
A.; GOMES, L. C. (Org.). Reservatório de Segredo: bases
ecológicas para o manejo. Maringá: Eduem, 1997. cap. 9,
p. 163-182.
ZANIBONI-FILHO, E. et al. Monitoramento e manejo da
ictiofauna do alto rio Uruguai - Espécies migradoras.
Relatório final. Florianópolis: Gerasul, 2000.
ZAVALA-CAMIN, L. A. Introdução aos estudos sobre
alimentação natural em peixes. Maringá: Eduem, 1996.
Received on November 07, 2003.
Accepted on March 05, 2004.

Enviado: Qui Ago 03, 2006 11:23 pm
por Gustavo Zagato
Dr Rubens !

Parabéns pelo estudo !!

Impressionante !

Até mais

Enviado: Qui Ago 03, 2006 11:42 pm
por Fábio B.
ô loco... maravilha...

Enviado: Sex Ago 04, 2006 8:04 am
por Reginaldo Bueno
Fala DR. RUBENS - viraste biólogo????
Parabéns pelo relato. Quem não gosta de pescar umas saicangas na corredeira com varinha leve???
Abraço
Régis (Reginaldo Bueno)

Enviado: Sex Ago 04, 2006 8:18 am
por Carlos OGAsawara
bacana !!

Enviado: Sex Ago 04, 2006 8:21 am
por José Zuanon
Bom, gostei! :D

Enviado: Sex Ago 04, 2006 9:06 am
por Xico Jorge
Show!

Enviado: Sex Ago 04, 2006 9:12 am
por Luiz Carlos de Abreu
É isso ai Rubens....e a aula continua


Abreu

Saicangas 3º parte

Enviado: Sex Ago 04, 2006 9:30 pm
por Fábio Gessullo
Continua muito interessante ... nota 10 !!!
Cadê a 4º parte ?
Cadê a 4º parte ?
Rs ...

Enviado: Sex Ago 04, 2006 11:17 pm
por Gabriel H. Cassola
Show mesmo...

Enviado: Sáb Ago 05, 2006 8:21 am
por Manga
Show... Parabéns Rubens!!!

Enviado: Qua Set 13, 2006 11:18 am
por Leandro Couto
êta peixinho alegre!!!!
Abç
Leandro

Enviado: Dom Fev 17, 2008 12:42 am
por Gilberto Almeida
Aqui no Rio de janeiro foi feito um estudo na represa de ribeirão da lajes e foi constatado que a base alimentar das saicangas( oligosarcus hepsetus) era composta, em sua maioria, por insetos e dentre os peixes que cumpunham sua dieta, aquele que foi encontrado nos estomagos da saicangas em maior abundância foi o tucunaré veja:
Foram analisados 289 espécimes de O. hepsetus com comprimento total (CT) entre 105,0 e 281,0 mm (média de 206,6 mm) e peso total (Pt) entre 14,4 e 293g (média de 101,5g). Noventa e sete (41,5%) dos estômagos analisados apresentaram conteúdo identificável e possível de quantifi car. A dieta consistiu essen-cialmente de sete itens, agrupados em 2 categorias: Peixes, representados em ordem decrescente de %IIR por C. monoculus, R. parahybae e Astyanax spp.; Insetos, representados por Lepidoptera, Hemiptera, Hymenoptera, Trichoptera e Coleoptera. Peixes representaram 43,8% IIR, enquanto Insetos 56,2% IIR. Dentro da categoria Peixes, juvenis de C. monoculus destacaram-se como principal presa consumida (43,4%IIR), representando também o item de maior contribuição individual à dieta de O. hepsetus (Figura 1). Na categoria Insetos, Lepidoptera foi o item de maior importância (35,6%IIR), enquanto Hemiptera e Hymenoptera apresentaram contribuições mais secundárias (13,6 e 6,8%IIR, respectivamente) Os demais itens exibiram contribuições reduzidas à dieta, assim como não foi registrada ocorrência de canibalismo para a espécie. O hábito alimentar de O. hepsetus no Reservatório de Lajes é similar a resultados encontrados para outras espécies do gênero. Vieira (1994), registrou um hábito piscívoro e insetívoro para Oligosarcus solitarius nos lagos do médio Rio Doce, MG. Gealh & Hahn (1998) observaram resultados similares para a dieta Oligosarcus longirostris no Reservatório de Salto do Segredo, PR, enquanto Hartz et al., (1996) para Oligosarcus jenynsii, na lagoa Caconde, RS. Participações similares de insetos e peixes na dieta de O. hepsetus no Reservatório de Lajes sugerem a existência de variações na disponibilidade destes recursos no ambiente, que, por sua vez, determinam qual item é preferencialmente consumido pelo predador.

Enviado: Dom Fev 17, 2008 9:18 pm
por Rubens Gorben
beto_rj escreveu:Aqui no Rio de janeiro foi feito um estudo na represa de ribeirão da lajes e foi constatado que a base alimentar das saicangas( oligosarcus hepsetus) era composta, em sua maioria, por insetos e dentre os peixes que cumpunham sua dieta, aquele que foi encontrado nos estomagos da saicangas em maior abundância foi o tucunaré.
Eita nóis!!!! Nem tucuninha as danadas tem perdoado!!!!

Assim como muitos outros indivíduos de generos diferentes, o padrão alimentar pode mudar de local para local e principalmente entre as subespécies. Não fico surpreso com este fato, mesmo porque as saicangas caçam sem nenhuma "honra", encardumadas, encachorradas... Simplesmente cercam suas prezas e as engolem, são tão velozes que a qualquer momento aparecem na frente da presa "fabricando" seu próprio elemento surpresa, sem precisar ficar entocadas ou escondidas... Basicamente cercam, invadem (uma de cada vez) e conquistam... imobilizando suas presas... E se a presa for muito grande, elas as dilasceram aos poucos. (Ao velho estilo: Jack - O Estripador... Por partes)

Tive uma saicanga no meu aquário uma vez, quando eu morava no Brasil e ela botou todo mundo pra correr. Uma certa vez, olhei para ela e disse: Maledeta, hoje é seu fim, e coloquei no aquário um P*** lagostim... adivinha o resultado... a desgraçada comeu o lagostim um pouquinho a cada dia, que nem teve como se defender frente a velocidade de ataque dela... sempre por cima e sempre pelas costas.

Conclusão: Volta pro rio peixe cachorro. E fui soltá-la novamente no saudoso Rio Cubatão.

Um grande abraço a todos.

Enviado: Dom Fev 17, 2008 9:22 pm
por NELSON MACIEL
Rubens Gorben escreveu:
beto_rj escreveu:Aqui no Rio de janeiro foi feito um estudo na represa de ribeirão da lajes e foi constatado que a base alimentar das saicangas( oligosarcus hepsetus) era composta, em sua maioria, por insetos e dentre os peixes que cumpunham sua dieta, aquele que foi encontrado nos estomagos da saicangas em maior abundância foi o tucunaré.
Eita nóis!!!! Nem tucuninha as danadas tem perdoado!!!!

Assim como muito outros indivíduos de generos diferentes o padrão alimentar muda de local para local e principalmente entre as subespécies. Não fico surpreso com este fato, mesmo porque as saicangas caçam sem nenhuma "honra", encardumadas, encachorradas... Simplesmente cercam suas prezas e as engolem, são tão velozes que a qualquer momento aparecem de surpresa na frente da presa, imobilizando-as... E se a presa for muito grande, elas as dilasceram aos poucos. (Ao velho estilo: Jack - O Estripador... Por partes)

Tive uma saicanga no meu aquário uma vez, quando eu morava no Brasil e ela botou todo mundo pra correr. Uma certa vez, olhei para ela e disse: Maledeta, hoje é seu fim, e coloquei no aquário um P*** lagostim... adivinha o resultado... a desgraçada comeu o lagostim um pouquinho a cada dia, que nem teve como se defender frente a velocidade de ataque dela... sempre por cima e sempre pelas costas.

Conclusão: Volta pro rio peixe cachorro. E fui soltá-la novamente no saudoso Rio Cubatão.

Um grande abraço a todos.
Vamos lá buscá-la quando vc vier para cá na próxima vez ?

Enviado: Dom Fev 17, 2008 9:26 pm
por Rubens Gorben
certamente vamos ir pescar na minha próxima paragem por estas terras tupiniquins Nersão. Meus olhos mareiam cada vez que me lembro da tão longinqua casa.

Um grande abraço.

Enviado: Dom Fev 17, 2008 9:29 pm
por NELSON MACIEL
Rubens Gorben escreveu:certamente vamos ir pescar na minha próxima paragem por estas terras tupiniquins Nersão. Meus olhos mareiam cada vez que me lembro da tão longinqua casa.

Um grande abraço.
O time de Flyzeiros só tem crescido aqui em Curitiba. O Alex veio de Fortaleza para se juntar ao grupo ...

Enviado: Sex Jun 26, 2009 9:26 am
por Eduardo Albuquerque
Muito bom mesmo!
Valeu!

Enviado: Sex Jun 26, 2009 10:49 pm
por NELSON MACIEL
Eduardo Albuquerque escreveu:Muito bom mesmo!
Valeu!
Olá Eduardo

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