EFFMB Parte 5 - Carretilhas e Equilíbrio de Material

Aqui nós iremos falar sobre Fly Fishing. Equipamentos, Iscas, Atado, Fotos das Iscas e toda e qualquer dúvida sobre esta modalidade ...
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Beto Akamine
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EFFMB Parte 5 - Carretilhas e Equilíbrio de Material

Mensagem por Beto Akamine » Ter Jan 08, 2008 9:26 am

EFFMB Parte 5 - Carretilhas

Quando algum amigo deseja se iniciar no FF, é praxe indicarmos que ele invista na vara e na linha, deixando a carretilha como um equipamento secundário. Eu mesmo faço isso com frequência. O motivo é que para nossas condições de pescaria, na maior parte do tempo, a carretilha será apenas um dispositivo de armazenamento de linha, pouco exigida durante a briga com o peixe. Mas... nem sempre! Vamos bater um papo sobre carretilhas para FF....

1) Recolhimento e Relação de Recolhimento
O modelo mais comum e usado de carretilhas para FF é aquela sem efeito multiplicador: a cada manivelada, recolhe-se uma volta de linha. Isso parece muito desconfortável para os amigos do BC acostumados com carretilhas de relação 5:1, 6:1 e até 7:1. Mas isso traz poucos problemas, se considerarmos que a carretilha só será usada por alguns momentos durante a pesca (no recolhimento do excesso de linha e, eventualmente, em alguma briga com o peixe).
Há alguns modelos de carretilhas que possuem um mecanismo de multiplicação de recolhimento, caso das caríssimas e excelentes Abel, que chegam a até 3:1. Uma opção mais em conta e que tenho adotado cada vez mais é o uso de carretilhas Large Arbor, que nada mais são que carretilhas de relação de recolhimento simples (1:1), mas com o meio vazado e o diâmetro aumentado. Lembrando das aulinhas de matemática, que a circunferência é igual a 2(pi) vezes o raio, e o raio dessas carretilhas tende a ser pelo menos duas vezes maior que o raio de uma carretilha normal, concluímos que há um efeito multiplicador indireto do recolhimento. Modelos simples como o Okuma Airframe (menos de USD 40,00 no EUA) são opções boas e baratas de carretilhas para as situações de pesca que temos no Brasil.
Esses modelos de carretilha podem parecer exagerados a primeira vista, mas ao sentirmos em mão, verificamos que seu peso não é muito diferente de uma carretilha normal de mesma numeração.
As principais vantagens que observo no uso das carretilhas large arbor: (1) a linha é bobinada em voltas mais largas, causando menos o "efeito mola" da linha que fica muito tempo guardada; (2) quando é preciso recolher rápido a linha para mudança de local ou nas raras situações que se exige um rápido recolhimento na briga com o peixe; (3) caso o peixe tome linha durante a briga, ela girará muito mais lentamente para soltar a mesma quantidade de linha, gerando menor desgaste final da fricção e menos chance de queimar a mão que serve como freio auxiliar encostado ao corpo da carretilha e (4) por ser vazada em seu meio (e normalmente perfurada como um carretel aliviado de BC), a linha e o backing retém menos água e umidade, que podem prejudicar o conjunto.

2) Fricção
Como já falado, serão raras as vezes que usaremos a fricção da carretilha e mesmo esta durante a batalha com os peixes. Mas o que é exceção pode ser a regra para os seguintes peixes: (1) grandes tucunarés amazônicos; (2) bicudas; (3) anchovas e outros peixes marinhos de curso; (4) dourados de rio e de mar; (5) pescarias internacionais, especialmente bonefish, tarpon e grandes salmões; (6) outros peixes e situações semelhantes (inclusive pesca de peixes de bico e atuns em água azul).
As carretilhas mais baratas possuem um sistema de freio simples, que não resiste à corrida de um peixe grande, mas é suficiente para corridas curtas da maioria de nossos peixes, o que inclui tucunarés, robalos, traíras, basses e outros peixes que costumam dar duas ou três corridas iniciais vigorosas e curtas e depois sossegam. Mas engatar um bonefish ou uma bicuda, que puxam 50 ou mais metros de linhas em uma corrida, podem arrebentar a fricção simples pelo calor e atrito gerado, deixando o pescador na mão. Nesse caso, o conselho de economizar na carretilha deve ser repensado.
As carretilhas mais top de linha, como Abel, Tibor, Ted Juracsik, Ross e outras, possuem freios de discos de teflon e cortiça preparadas para suportar esse tipo de esforço e desgaste. Algumas possuem até um sistema de "turbina" (Cortland) que diminui a inércia inicial do carretel quando o peixe toma a linha, protegendo o tippet do leader.

3) Equilíbrio Carretilha e Vara
Nas carretilhas costumam vir a indicação de uso, que abrangem até 3 numerações diferentes de equipamento. Por exemplo, uma carretilha que vem indicada para linhas 4/5/6. Isso quer dizer que se poderá usar qualquer uma das 3 linhas nessa carretilha. Como uma linha #6 é bem mais volumosa que uma linha #4, comportará muito menos backing (linha de reserva colocada no fundo da carretilha, antes da linha de fly) que ao usar uma linha #4. Se tentar colocar uma linha #8 provavelmente ela não caberá na carretilha, mesmo sem backing. E uma linha #2 colocada nessa mesma carretilha exigirá muito backing no fundo e, provavelmente, não formará um conjunto confortável com a vara #2.
Quanto maior a carretilha, mais pesada ela será, mais linha comportará e para linhas de maior numeração será indicada. Essa é a regra. Porém... bom, sempre tem um porém...
Ao contrário do BC, em que podemos colocar um Symetre 750 ou um Symetre 2000 na mesma vara e ainda assim ter um conjunto equilibrado, achar a carretilha compatível para uma determinada vara no FF é mais complicado.
Explico. No BC a mão é posicionada na altura da carretilha/molinete, que compõem, em regra, o maior peso no conjunto vara/carretilha. De certa forma, ao segurarmos o conjunto pelo seu ponto mais pesado, haverá uma tendência maior de equilíbrio de todo o conjunto, ainda que se altere a carretilha/molinete, pois seu ponto de sustentação continua o mesmo, em cima dele. No FF a carretilha é posicionada abaixo do ponto de pegada do conjunto, como forma a criar um contrapeso de equilíbrio para o conjunto. De um lado temos o peso da carretilha e do outro o peso de quase toda a vara mais a linha. Se houver um desequilíbrio na relação, este será sentido durante o arremesso. Uma carretilha leve demais faz a vara e a linha penderem em demasia em direção à ponta, obrigando o pescador a corrigir isso pela força, causando desgaste e fadiga. Já uma carretilha muito pesada sobrecarregará todo o conjunto, forçando novamente o braço do pescador, mas no sentido contrário.
Ao longo dos anos descobri que há mais um componente importantíssimo a pensa quando se busca o equilíbrio vara x carretilha no FF: a distância de arremesso pretendido! Quanto mais linha desenrolamos no ar, buscando um arremesso mais longo, mais peso teremos em direção à ponta da vara, exigindo uma carretilha mais pesada no outro extremo, de modo a dar o equilíbrio necessário a um arremesso confortável. Em contrapartida, arremessos curtos e mais precisos pedem um conjunto mais equilibrado.
O que eu costumo usar:
(1) situações de longos arremessos (tilápias no Capivari, p.e.)- carretilhas mais pesadas para um mesmo # de conjunto, pois o balanceio do conjunto durante o arremesso é priorizado;
(2) situações de arremessos curtos (trutas em riachos, p.e.) - carretilhas menores e mais leves, pois o balanceio do conjunto durante o trabalho da isca é priorizado;
Assim, não há uma regra rígida, de usar tal carretilha para tal conjunto. Em minha varinha #4 eu uso desde uma carretilha tradicional pequena e leve com linha DT-4-F para pesca de trutas, como uma carretilha large arbor de alumínio, mais pesada, com linha TT-4-F para a pesca de tilápias em grandes represas. Na vara #6 tenho uma carretilha mais leve para arremessos curtos (até 15 metros) e de precisão, com linha WF-7-F BBT, para os robalinhos no mangue, e também tenho uma carretilha grande large arbor, para linhas 7/8/9, equipado com linha TT-6-I para longos arremessso. Opa!! Opa!! Peralá!! Linha #7 na vara #6? Carretilha 7/8/9 para vara #6? Caaaaaaalma!! Vou tratar disso em outro tópico, futuramente, ok?! Já tenho até o nome: Quebrando Paradigmas. Mas antes dele precisamos avançar em alguns conhecimentos básico iniciais, ok?!

Ufa, por hoje chega, né?! Vou tomar um café e trabalhar um pouquinho....

Abracos a todos

Beto Akamine
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Mensagem por Jose Silverio » Qua Jan 09, 2008 7:55 am

Oba, Oba ! que venha o próximo tópico. É uma verdadeira enciclopédia virtual de pesca com mosca ! :roll: :roll: :roll:
Pescando e aprendendo.
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Mensagem por Diego Sávio » Qui Jan 10, 2008 2:08 pm

Eita... O Betão tá demais... Show de bola, meu irmão...
x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x
Ainda tô vivo... Eu acho.
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Mensagem por Rodrigo Suzuki - Rodão » Sex Jan 11, 2008 2:41 pm

Muito bom mesmo.... ..... na teoria estou acompanhando, quero ver na prática, huahuahua.... ...

Até agora, acho que seria +/- esse o meu 1o eqto, conjunto #7, tamanho de vara varia de 8'6 a 9(preciso conhecer mais), carretilha Large Arbor e linha #7(que preciso saber mais pq já vi que é complicado esse negócio de linha, muitas siglas, affff)... ....

Valeu....
[]'s e bons pinchos
Rodão
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Mensagem por Rodrigo Suzuki - Rodão » Sex Jan 11, 2008 2:45 pm

Em tempo, Betão se puder faça um tópico falando das marcas/modelos das varas, carretilhas e linhas e se puder também de preço.... .....

Abração,
[]'s e bons pinchos
Rodão
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Mensagem por Ricardo Haruo » Seg Jan 21, 2008 7:28 pm

Pouca gente se preocupa em balancear o equipo de fly... e a carretilha de fly ainda é um mito para muitos... valeu pela explicação, Akamine-san.
Abs.
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Beto Akamine
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Mensagem por Beto Akamine » Seg Jun 23, 2008 10:45 am

Oba, Oba ! que venha o próximo tópico. É uma verdadeira enciclopédia virtual de pesca com mosca !
Olá, José, que bom que está gostando. Ando meio sem tempo, mas assim que puder vou complementando com outras e novas informações
Eita... O Betão tá demais... Show de bola, meu irmão...
Grande Diegon, obrigado pelos elogios! Como já conversado, fique à vontade de fazer uso das matérias. E dá-lhe red ales, stouts e radieuses nesse inverno...rs
Até agora, acho que seria +/- esse o meu 1o eqto, conjunto #7, tamanho de vara varia de 8'6 a 9(preciso conhecer mais), carretilha Large Arbor e linha #7(que preciso saber mais pq já vi que é complicado esse negócio de linha, muitas siglas, affff)... ....
Rodão, o conjunto #7 é bem coringa, tanto quanto o #6, mas por uma questão de facilidade de encontar os equipamentos, eu recomendaria as numerações pares (#6, no seu caso). Mas.. é questão de gosto.
Quanto às linhas, guarde apenas as WF (weight forward) por enquanto, que será a coringa. Linhas DT (double taper) apenas se quiser pescar trutas. Com o tempo as TT, ST, F, S, L, I, etc, etc vão se tornando mais familiares.
Se for comprar um equipo, me mande um mail que discutimos em detalhes o que será mais adequado para você, considerando as situações de pesca, os peixes, etc.
Em tempo, Betão se puder faça um tópico falando das marcas/modelos das varas, carretilhas e linhas e se puder também de preço.... .....
Pensei em fazer isso, mas fiquei receoso de privilegiar um modelo ou marca de equipamento em detrimento de outro. Para isso vai muito mais a questão do gosto que da qualidade. Equipamentos de fabricantes tradicionais como GLoomis, Reddington, T&T, Sage, Orvis, Powell e outros (varas), Abel, Ross, Loop e outras (carretilhas), Scientific Angles, Corltand, Royal Wullf e outras (linhas), são todos bons e terão equipamentos mais simples (e baratos) e equipamentos mais "top" (e mais caros). Vai muito de acordo com a situação de pesca, peixes e 567.893 variáveis... rs
Pouca gente se preocupa em balancear o equipo de fly... e a carretilha de fly ainda é um mito para muitos... valeu pela explicação, Akamine-san.
Opa, Haruo-san, que bom que gostou. Esse ano vamos atrás de uns peixinhos com fly na prática?

Abraços a todos

Beto Akamine
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Mensagem por Herbert Ida » Dom Jan 11, 2009 10:31 pm

E ai blz amigos? PAZ a todos!!!!Qdo começamos no fly é sempre uma loucura né, com centenas de modelos de linhas!!!Que bom que ja tem gente ai como vc mastigando td pra nós em portugues!!!Estou no Japao e pesco de Fly a alguns anos, e imagina ler as coisas em japones, se referindo ao ingles pois os termos sao do ingles!!!! (os nikeis sabem que estou falando).Comecei no fly nw existia esse tal de INTERNET rsrsrs!!!! q bom que agora tem!! e alguns fly fisherman, q estao ai no Brasil, ajudando a dismistificar essa modalidade que particularmente me envolveu completamente!!!!! PARABENS



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Mensagem por Cristiano Martinotto » Qui Set 24, 2009 11:08 pm

Parabéns Beto!
Muito boa esta série de aulas sobre o FF.
Estou iniciando e procurando material sobre fly na net e estou aprendendo muito com elas.
Um abraço!
Cristiano Martinotto
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Mensagem por NELSON MACIEL » Qui Set 24, 2009 11:15 pm

cmartinotto escreveu:Parabéns Beto!
Muito boa esta série de aulas sobre o FF.
Estou iniciando e procurando material sobre fly na net e estou aprendendo muito com elas.
Um abraço!
Olá Amigo

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Mensagem por Klaydson França » Sex Set 25, 2009 12:15 pm

Beto, Excelente...sem mais comentários...

Parabéns...

GRande abraço.
Aprender é um dos maiores tesouros do ser humano.
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Felipe França de Freitas
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Mensagem por Felipe França de Freitas » Seg Out 29, 2012 12:39 am

Eu soube que o freio era útil quando em minha única pescaria de fly, minha única capitura foi uma tartarugona acidental. Sempre ouvi que nao precisa de freio, mas acho que serve de dispositivo de emergência em algumas situações, se assim posso dizer xD.
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