O que esperar da pesca com mosca?
Enviado: Qui Fev 21, 2008 8:13 pm
O que esperar da pesca com mosca?
Pensemos de forma aberta por um momento.
A pesca com mosca não é uma atividade que visa produtividade em termos de captura e nem pode exigir tal façanha sem o completo conhecimento da arte e do ambiente por parte do pescador, ela visa apenas produtividade no campo da satisfação pessoal e gera o suficiente para alimentar a alma e o corpo por um único dia.
Portanto, de nada adianta a nós, mosqueiros, querermos medir forças e combatividades com outras técnicas, pois para os padrões e conceitos atuais sobre o que seria qualidade de pesca, nossa modalidade resulta de forma improdutiva e para muitos pode ser considerada ineficiente.
Um Baiter, por exemplo, irá fazer muito mais capturas diárias que um mosqueiro, na maioria das vezes. Um pescador de bóia que utiliza isca viva e seja bem doutrinado na sua modalidade é imbatível em um rio que ele conheça, só perdendo talvez para a produtividade de uma rede ou coisa pior, pois a base fundamental dos praticantes de muitas modalidades é a obtenção da satisfação unicamente por meio das capturas efetuadas por jornada, seja qualitativamente ou quantitativamente e este pensamento não cabe na pesca com mosca, pois o mosqueiro tem outras exigências pessoais para preencher certos espaços vazios que as outras modalidades podem ter. O mosqueiro acaba por ter tantos rituais envolvidos no que antecede e no que sucede suas pescarias, que muitas vezes após o primeiro peixe capturado ele já está satisfeito e farto de pescar.
Não foi raro ver em minha curta vida, excelentes pescadores de todas as modalidades imagináveis, não se satisfazerem após uma boa jornada de pesca. Pegavam o primeiro peixe, queriam o segundo, o terceiro, o quarto, e assim por diante, pescando freneticamente durante todo o dia sem parar para comer ou descansar, sem parar para pensar sobre o que estavam fazendo, transformando-se apenas em uma máquina de sacar peixes, sem sentirem propriamente emoção ou outros sentimentos que poderiam ser envolvidos e positivamente somados tais como a simples interação com o meio ou uma simples pausa para respirar, além da necessidade desenfreada de bater seus próprios Recordes. Muitos, após três ou quatro exemplares passavam suas mentes para o modo automático a ponto de fisgar, recolher, desenfarpar o peixe e deita-lo ao rio sem nem sequer apreciar o que estava fazendo e apontando os números de suas capturas mentalmente como se fosse uma pontuação em um jogo qualquer.
As ramificações dos prazeres são tão diferentes no íntimo de cada um, que acabamos por nos esquecer de nossos objetivos iniciais e deixamo-nos seduzir e corromper pelo compulsivo instinto competitivo e na ausência de competidores, queremos insistir em competir ridiculamente com nós mesmos, tentando sempre superar os números alcançados anteriormente, como aquelas comédias onde o protagonista, ironicamente, joga xadrez sozinho, tentando vencer a si próprio.
Pescar só deve ser realmente produtivo para quem vive da pesca, para quem tem na pesca sua subsistência. Nós, meros pescadores de fim de semana, deveríamos nos redimir de nossos principais pecados, a ambição injustificada cometida em nome da vaidade. Sacrificamos vidas literalmente em nome daquele minuto de admiração entre os amigos, o que culmina por não somar nada a nossas vidas quando na verdade somente tira a vida de nosso mundo.
Gastei muito dinheiro com a pesca na minha vida, principalmente quando comecei com o fly e me perguntava frequentemente se algum dia aquilo deixaria de consumir tanto dinheiro, por vezes deixava de comprar coisas simples que eu precisava no dia a dia ou fazia poupanças sem sentido para comprar itens que nunca usei mais de uma ou duas vezes. Porém, hoje que sei o que quero e o que gosto de pescar, me pego tentando imaginar o que eu poderia ainda comprar e neste pensamento, já estou a mais de um ano sem comprar nada, absolutamente nada e pesco semanalmente sem que nada me faça falta, pois trabalho focado em meus objetivos e meus objetivos são os prazeres que circundam a pesca. Se eu perder uma isca, não tenho que gastar dez, vinte ou trinta reais, euros ou dólares para comprar outra, não tenho que viver com medo daquele meu modelo preferido faltar porque deixou de ser fabricado, pois confecciono tudo o que uso e posso dizer que a pesca com mosca neste sentido, pode ser chamada de auto-sustentável.
Venha pescar com mosca se te contentares com satisfações simples.
Lavar o muco do peixe ainda em suas mãos.
Sentir o refrescante momento das pequenas corredeiras.
Sentir-se criança ao brincar de capturar insetos.
Sentir-se gigante ao observar peixes nos ninhos.
Venha pescar com mosca se quiser pescar somente com a sua mente.
Entender coisas que não pode ver.
Deduzir somente com aquilo que sente.
Esperar cautelosamente antes de agir.
Entender enigmas como melhoramentos.
Venha pescar com mosca se quiseres ver o mundo com os olhos da natureza.
Com os olhos dos peixes.
Com os olhos dos insetos.
Com os olhos das aves
E com a alma do tempo.
Venha pescar com mosca se quiser ser igual a tudo o que é diferente.
Uma vara que não é vara.
Uma linha que não é linha
Uma mosca que não é mosca.
E um pescador feito de sonhos e alma somente.
É melhor pescar um peixe por dia durante a vida toda do que os peixes da vida toda em um único dia.
Um grande abraço mosqueiro.
Pensemos de forma aberta por um momento.
A pesca com mosca não é uma atividade que visa produtividade em termos de captura e nem pode exigir tal façanha sem o completo conhecimento da arte e do ambiente por parte do pescador, ela visa apenas produtividade no campo da satisfação pessoal e gera o suficiente para alimentar a alma e o corpo por um único dia.
Portanto, de nada adianta a nós, mosqueiros, querermos medir forças e combatividades com outras técnicas, pois para os padrões e conceitos atuais sobre o que seria qualidade de pesca, nossa modalidade resulta de forma improdutiva e para muitos pode ser considerada ineficiente.
Um Baiter, por exemplo, irá fazer muito mais capturas diárias que um mosqueiro, na maioria das vezes. Um pescador de bóia que utiliza isca viva e seja bem doutrinado na sua modalidade é imbatível em um rio que ele conheça, só perdendo talvez para a produtividade de uma rede ou coisa pior, pois a base fundamental dos praticantes de muitas modalidades é a obtenção da satisfação unicamente por meio das capturas efetuadas por jornada, seja qualitativamente ou quantitativamente e este pensamento não cabe na pesca com mosca, pois o mosqueiro tem outras exigências pessoais para preencher certos espaços vazios que as outras modalidades podem ter. O mosqueiro acaba por ter tantos rituais envolvidos no que antecede e no que sucede suas pescarias, que muitas vezes após o primeiro peixe capturado ele já está satisfeito e farto de pescar.
Não foi raro ver em minha curta vida, excelentes pescadores de todas as modalidades imagináveis, não se satisfazerem após uma boa jornada de pesca. Pegavam o primeiro peixe, queriam o segundo, o terceiro, o quarto, e assim por diante, pescando freneticamente durante todo o dia sem parar para comer ou descansar, sem parar para pensar sobre o que estavam fazendo, transformando-se apenas em uma máquina de sacar peixes, sem sentirem propriamente emoção ou outros sentimentos que poderiam ser envolvidos e positivamente somados tais como a simples interação com o meio ou uma simples pausa para respirar, além da necessidade desenfreada de bater seus próprios Recordes. Muitos, após três ou quatro exemplares passavam suas mentes para o modo automático a ponto de fisgar, recolher, desenfarpar o peixe e deita-lo ao rio sem nem sequer apreciar o que estava fazendo e apontando os números de suas capturas mentalmente como se fosse uma pontuação em um jogo qualquer.
As ramificações dos prazeres são tão diferentes no íntimo de cada um, que acabamos por nos esquecer de nossos objetivos iniciais e deixamo-nos seduzir e corromper pelo compulsivo instinto competitivo e na ausência de competidores, queremos insistir em competir ridiculamente com nós mesmos, tentando sempre superar os números alcançados anteriormente, como aquelas comédias onde o protagonista, ironicamente, joga xadrez sozinho, tentando vencer a si próprio.
Pescar só deve ser realmente produtivo para quem vive da pesca, para quem tem na pesca sua subsistência. Nós, meros pescadores de fim de semana, deveríamos nos redimir de nossos principais pecados, a ambição injustificada cometida em nome da vaidade. Sacrificamos vidas literalmente em nome daquele minuto de admiração entre os amigos, o que culmina por não somar nada a nossas vidas quando na verdade somente tira a vida de nosso mundo.
Gastei muito dinheiro com a pesca na minha vida, principalmente quando comecei com o fly e me perguntava frequentemente se algum dia aquilo deixaria de consumir tanto dinheiro, por vezes deixava de comprar coisas simples que eu precisava no dia a dia ou fazia poupanças sem sentido para comprar itens que nunca usei mais de uma ou duas vezes. Porém, hoje que sei o que quero e o que gosto de pescar, me pego tentando imaginar o que eu poderia ainda comprar e neste pensamento, já estou a mais de um ano sem comprar nada, absolutamente nada e pesco semanalmente sem que nada me faça falta, pois trabalho focado em meus objetivos e meus objetivos são os prazeres que circundam a pesca. Se eu perder uma isca, não tenho que gastar dez, vinte ou trinta reais, euros ou dólares para comprar outra, não tenho que viver com medo daquele meu modelo preferido faltar porque deixou de ser fabricado, pois confecciono tudo o que uso e posso dizer que a pesca com mosca neste sentido, pode ser chamada de auto-sustentável.
Venha pescar com mosca se te contentares com satisfações simples.
Lavar o muco do peixe ainda em suas mãos.
Sentir o refrescante momento das pequenas corredeiras.
Sentir-se criança ao brincar de capturar insetos.
Sentir-se gigante ao observar peixes nos ninhos.
Venha pescar com mosca se quiser pescar somente com a sua mente.
Entender coisas que não pode ver.
Deduzir somente com aquilo que sente.
Esperar cautelosamente antes de agir.
Entender enigmas como melhoramentos.
Venha pescar com mosca se quiseres ver o mundo com os olhos da natureza.
Com os olhos dos peixes.
Com os olhos dos insetos.
Com os olhos das aves
E com a alma do tempo.
Venha pescar com mosca se quiser ser igual a tudo o que é diferente.
Uma vara que não é vara.
Uma linha que não é linha
Uma mosca que não é mosca.
E um pescador feito de sonhos e alma somente.
É melhor pescar um peixe por dia durante a vida toda do que os peixes da vida toda em um único dia.
Um grande abraço mosqueiro.