Diante de milhares de fotos, que retratam tão diferentes ambientes e situações vividas nessa viagem à Patagônia, confesso que tenho dificuldades em iniciar essa história de uma jornada há muito sonhada e que agora pudemos finalmente realizar; dessa vez a realidade superou o sonho!
Busquei resumir e focar os pontos mais significativos, para não tornar o relato tedioso, mas ainda assim saiu maior do que eu gostaria. Mas é difícil fazer um compacto de 32 dias de viagem, combinando, como sempre, turismo e pesca. Experimentamos desde a pesca super técnica e delicada nos rios do norte, quanto a natureza áspera e trutas poderosas do sul.
Participaram da aventura dois casais: Jack & Luiz e meu grande amigo Sérgio & Eliane. O Sérgio, por razões pessoais, não costuma publicar relatos de pesca, mas será objeto de algumas fotos em grupo. De qualquer forma, a pescaria do casal amigo também foi excepcional e a companhia de ambos, um privilégio.
PATAGÔNIA NORTE
Iniciamos pelo norte da Patagônia, na minúscula vila de Aluminé, que abriga o rio do mesmo nome - e outros como Quillén e Pulmari. A seguir, pescamos na região de Junin de Los Andes, nos rios Chimehuin e Collon Cura e então no rio Limay, ao norte de Bariloche.
Conhecemos bem essa região, onde costumamos pescar com certa frequência. É uma área de natureza belíssima, com chuvas regulares, que permite inclusive a formação de florestas a quebrar a aridez da estepe patagônica. Os rios têm águas de coloração verde esmeralda transparente e, nesse final de temporada, com águas muito baixas, a pesca se torna muito técnica e desafiadora. Qualquer pequeno erro na apresentação da mosca ou na movimentação na água, adeus truta. Também nesse período - que já se esperava mais frio, mas que apresentou-se surpreendentemente caloroso - dificilmente se capturam trutas grandes na região. As mesmas voltam a aparecer nas últimas semanas de abril, com o início das chuvas e o "run" para a desova. Já em maio a pesca fecha, pois se inicia a reprodução. De qualquer forma, em toda a Patagônia norte está proibido o abate de salmonídeos (com raras exceções) e toda a pesca é realizada "pesque & solte" com anzol sem farpa! E a fiscalização é muito rigorosa.
Vamos deixar que as fotos contem um pouco dessa história:
Chegamos em Aluminé no dia de meu aniversário, comemorado na Estância em que nos hospedamos:
Lu & Jack
Com meu amigo Sérgio
Às trutas!!!!!!
Aluminé, Chimehuin, Collón Curá e Limay: beleza, trutas e amizade
O SUL DA PATAGÔNIA - USHUAIA E CALAFATE
Em Ushuaia e El Calafate não pescamos e nos dedicamos aos prazeres da mesa e a conhecer um pouco da belíssima região. Algumas fotos de USHUAIA:
A acolhedora e encantadora EL CALAFATE, terra dos glaciares:
LAGO STROBEL: As Trutas do Fim do Mundo!
Finalmente, chegou o dia há anos sonhado e partimos para o Lago Strobel, no meio do deserto patagônico, onde ficamos por oito dias. Nos hospedamos na Estância Laguna Verde, uma antiga propriedade de criação de ovelhas, que conta com 15 quilômetros de costa de lago, 12 lagunas que se ligam por riachos e 8 quilômetros do Rio Barrancoso, que forma o lago com águas glaciares, exclusivamente do degelo. Existe outra opção de pesca interessante que é o acampamento da Loop e ainda alguns guias independentes fazem excursões de pesca a outros pontos do lago, que é imenso, mas cujos acessos são dificílimos. E esse é um grande diferencial do Laguna Verde, que vem trabalhando na melhoria do acesso dentro de sua propriedade e nos veículos que são colocados à disposição: camionetes Hilux 4X4 com suspenção elevada e quadriciclos 4X4 com motores de 500 HP, verdadeiras lagartixas.
Normalmente não se navega no Lago Strobel, pois o mesmo é açoitado por ventos fortíssimos quase que o ano inteiro. Mas nos meses de novembro, dezembro, março e abril, muito raramente, ocorre um apaziguamento inexplicável e o lago espelha. Isso não significa que a pesca será mais farta. Ao contrário, as águas cristalinas permitem que as trutas fiquem mais seletivas e enxerguem os pescadores de muito longe. Apenas significa mais conforto para pescar, pois fazê-lo com ventos constantes de 60 km por hora e rajadas de 120 km por hora (quando o pescador tem que se sentar e abrigar entre as pedras) é muito cansativo e requer muita habilidade nos lançamentos com equipamento de fly. Definitivamente, não é local para iniciantes!
Mas nós fomos muito abençoados e nos coube uma semana inteira sem vento; ventou apenas no último dia, para que pudéssemos vivenciar as duas faces do Strobel. A pescaria foi muito técnica e nós que esperávamos usar equipamentos mais pesados e streamers, afinamos as linhas e as canas e assim os conjuntos #8 foram os recomendados pelos guias, com líderes longos e finos, inclusive 3X, com resistência mecânica de 5 quilos, para trutas que podem, às vezes, superar os 10 quilos, usando mosca seca e pequenas ninfas a maior parte do tempo. UM SONHO!!!! Eis as fotos da materialização desse sonho:
Chegar ao Strobel é uma aventura, que continua em cada deslocamento para o lago.
Mas toda essa aridez guarda uma inacreditável variedade de vida: águias, condores, manadas de guanacos, raposas, pumas, lebres e múltiplos roedores estão sempre ao alcance dos olhos...E quase que das mãos, pois as raposas se aproximam muito. E também as plantas buscam qualquer pequena área com terra para crescer.
Após vencidas as estradas, o Strobel ainda cobra caminhadas e disposição física do pescador. Afinal, não se chega ao paraíso sem sacrifícios.
E o prêmio ao sacrifício: um lago espelhado - que, dessa forma, não ocorria há três anos, segundo os guias e o proprietário do lodge - e múltiplos arco-íris, em forma de trutas gigantes, que realmente mexeram com nossas emoções:
ALGUMAS FOTOS ESPECIAIS:
Doublé, com meu amigo Sérgio. Guardávamos uns cem metros de distância e ferramos e tiramos praticamente juntos. Algo incrível em se tratando de trutas desse porte!
Linda truta macho, com meu fantástico guia Mariano (Nano) e Beto (ex-Dr Roberto, advogado de Buenos Aires e dono da Estância Laguna Verde)
Embora muito seco, o rio Barrancoso estava repleto de trutas pequenas e muito coloridas. Mas procurando bem se encontravam troféus:
E as fotos mais especiais da viagem, com minha Jack, esposa e companheira de pesca, que já determinou: em novembro, quero voltar! Fazer o que, né? Vamos conferir o Strobel no início da temporada!
Parabéns pela pescaria e cada truta heinn.Valeu
